Pequeno Tratado Sobre Laodicéia

“Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

Por JANIO LOUBACK

Ap 3.14-21
14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
19 Eu repreendo e disciplino a todos quanto amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. 22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Introdução

“Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

A passagem acima talvez reporte a exortação mais dura que o Senhor dirigiu a uma igreja ao longo dos séculos.

Devido a sua grande importância e relevância para o nosso século, o entendimento claro e patente do assunto “Laodiceia”, torna-se mandatório para todos os cristãos, pois essa escrita escatológica aplica-se à forma como o Senhor vê a igreja moderna. Mas, apesar disso, não tenho visto essa consciência nos destinatários dessa carta, e, muito menos, a aplicação dos elementos bíblicos que levariam à solução efetiva para o problema lá reportado.

Por isso, resolvemos escrever o “Pequeno Tratado Sobre Laodiceia”, esperando que esse clamor possa ser ouvido se, apesar de cegos ainda não estivermos surdos, de ouvirmos o que o Espírito diz às igrejas.

De maneira alguma a intenção desse tratado tem a presunção de classificar essa ou aquela igreja como Laodiceia. Laodicéia se refere ao “modelo de igreja” dos últimos séculos. Tal proposição se torna justificável em virtude de a aplicação da carta à Laodiceia não se limitar a uma igreja em particular, mas se dirige aos líderes e a toda cristandade deste século, contendo uma reprovação veemente de Deus. Essa situação é agravada pelo fato de que a condição do destinatário é indiscernível pela visão deficiente e humana que possui. Tudo isso desperta em nós uma grande preocupação quanto ao destino de Laodiceia.

O Senhor usa uma analogia nessa passagem com o ato de “vomitar”. E quem não passou por isso pelo menos uma vez? É uma reação violenta, involuntária e incontrolável de nosso organismo quando, por algum motivo, um alimento é rejeitado e precisa ser expulso de nosso corpo. Quando o nosso centro de vômito é acionado acontece uma contração de nossos músculos abdominais e do diafragma, tão forte e violenta que comprime o alimento ingerido no estômago, fazendo-o percorrer o caminho de volta, passando pelo esôfago e sendo liberado pela boca e, às vezes, até pelo nariz. É uma experiência terrível, mas quando isso acontece, sentimos um alívio imediato de ter colocado para fora os elementos nocivos e as toxinas que estavam nos fazendo mal, causando febre e indisposição. Assim, aquela sensação insuportável de mal estar começa a melhorar. Já tentou controlar isso? Normalmente não é possível!

Esse é o efeito ao qual o Senhor se refere quando fala dos resultados que a mornidão espiritual causa.

A urgência de tratar esse assunto é grande, pois, segundo as palavras firmes de Jesus, a situação está realmente grave em relação à dos cristãos do século XXI. O risco de ser lançado fora e suas consequências drásticas merecem nossa atenção.

Mas, quais são as características da mornidão que a identificam como algo tão abominável para Deus? O que vamos fazer agora para aquecer nossa vida espiritual? Temos que começar a subir pelas paredes? Pular como se estivéssemos pisando em brasas? Rodopiar? Dançar? Berrar? Orar articulando trezentas palavras por minuto? Cair no chão? Estrebuchar como serpentes? E muitas outras bizarrices e extravagâncias?

Posso lhe garantir que trocar a mornidão pelo fanatismo é a pior coisa que poderíamos fazer com nossa vida espiritual.

Por isso, o caminho certo consiste em primeiro entender o assunto à que o Senhor se refere exatamente e, depois, à luz da Palavra de Deus, buscar uma solução.

Isso é o que pretendemos fazer neste “Pequeno Tratado sobre Laodiceia” o qual inclui em seu desenvolvimento os seguintes tópicos:

Introdução
1ª Parte – O que torna a mornidão abominável?
2ª Parte – O grande problema da Laodiceia: sua Visão divergente
3ª Parte – Existe solução para a Laodiceia?
4ª Parte – Qual o destino da Laodiceia?

Qual é o problema pertinente à mornidão? É só uma questão de temperatura? O que causa tão forte reação da parte de Deus?

O frio é o mundo e o quente é o reino de Deus, mas o morno o que é? Quando aplicamos esse conceito ao Cristianismo e à mensagem escatológica do Apocalipse, entendemos que o problema da mornidão não envolve apenas a condição da temperatura de um elemento. Porém, principalmente, a causa que provoca essa temperatura intermediária. A mornidão mencionada pelo Senhor em Apocalipse é caracterizada pela “mistura” do quente com o frio, gerando uma categoria identificada pelo Senhor de “morno”: “pois és morno nem és quente nem frio”. Em outras palavras o cristão nem está totalmente no mundo, nem pertence totalmente ao reino de Deus, ele representa uma mistura que tem um sabor insuportável para o Senhor.

Assim, se o “quente” são os valores do reino de Deus e o “frio” são os valores do mundo, a mornidão está relacionada com a realidade de como o Cristianismo do nosso século tem tratado esses opostos.

“A cristandade moderna tem procurado ‘empurrar goela abaixo’ um cristianismo mesclado de valores do mundo com valores do reino de Deus o que, segundo a advertência do Apocalipse, não será aceito pelo Senhor!”

Vemos, nos últimos tempos, uma série paradigmas e princípios seculares, profanos e mundanos sendo absorvidos pela igreja e harmonizados com a vida cristã. Praticamente, pondo fim ao que deveria ser um permanente, inevitável e evidente conflito da igreja com o mundo e seus padrões, como foi desde o princípio da História de Igreja. É visível e patente que os arquétipos do mundo infestam a vida dos cristãos e da igreja, criando uma harmonia com a vida mundana. Essa mistura de princípios discordantes causa uma situação espiritual instável, donde a advertência do Senhor: “estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.

“Tg 4.4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.”

Vejamos exemplos dessa mistura abominável nos dias atuais:

a) A mistura da adoração com a idolatria.

Os cristãos deveriam adorar ao Senhor e somente ao Senhor, mas suas vidas estão repletas de baalins e terafins. Os tais que eram ídolos, na forma de imagens na antiguidade, continuam, nos nossos dias com outros nomes, porém são os mesmos baalins e terafins. Vemos essa prática nos dias de hoje na forma de:

• Culto às celebridades.
• Culto às entidades e às celebridades esportivas.
• Culto às instituições religiosas e à própria igreja, pois muitas delas se promovem e assumem posições de “quase adoração” na vida de seus membros.
• Busca de posição e cargo mais do que de serviço a Deus.
• Busca de proeminência, de projeção de si mesmo dentro das igrejas.
• Culto aos pastores e às celebridades da igreja.
• Culto aos valores e bens materiais.

Chamamos de “culto” no quadro acima, o comportamento que representa uma admiração exagerada, e a ponto de se tornar veneração ou de gerar um ardente desejo que concorre com os verdadeiros valores espirituais, com a simplicidade e com o objetivo bíblico.

Logicamente, semelhantes condutas sempre existiram no mundo. Entretanto, vê-las enraizadas no meio dos cristãos em grau tão elevado como se observa hoje, é de se espantar. Isso é mundano e NÃO pode fazer parte da vida do cristão, segundo a qual a primazia é do reino de Deus, da sua justiça e de seus valores absolutos.

b) Extinguindo o Espírito

Estamos neste século cerceando a atuação do Espírito Santo de Deus em nossas reuniões. Do mesmo modo, perdendo Sua intimidade e nos distanciando do Espírito. Em outras palavras, substituindo a liberdade no Espírito por:

• Culto às celebridades.
• Culto às entidades e às celebridades esportivas.
• Culto às instituições religiosas e à própria igreja, pois muitas delas se promovem e assumem posições de “quase adoração” na vida de seus membros.
• Busca de posição e cargo mais do que de serviço a Deus.
• Busca de proeminência, de projeção de si mesmo dentro das igrejas.
• Culto aos pastores e às celebridades da igreja.
• Culto aos valores e bens materiais.

Chamamos de “culto” no quadro acima, o comportamento que representa uma admiração exagerada, e a ponto de se tornar veneração ou de gerar um ardente desejo que concorre com os verdadeiros valores espirituais, com a simplicidade e com o objetivo bíblico.

Mesmo que essas coisas não apareçam nos palcos, os bastidores estão cheios delas.

Essa enxurrada de falsos valores morais entra tranquilamente em nossas casas, sem oposição, por meio da mídia, das novelas, dos programas de TV abomináveis, de filmes que poderiam espiritualmente ser chamados de esgoto moral e outros meios. Tais coisas estão minando a resistência dos cristãos e até sendo usados como referência em nome de uma falsa “evolução” dos costumes.

d) Inversão dos princípios do Evangelho.

Às vezes, essa inversão é sutil, às vezes não. A verdade é que:

• A felicidade é vista em Deus realizando os nossos planos e não em nós cumprindo os planos de Deus.
• Trocando a profundidade da vida cristã pela superficialidade.
• O valor e poder do dinheiro tem assumido uma importância exacerbada e distorcida nas igrejas. É Mamon contra Deus em nossas vidas e até dentro das igrejas.
• Banalização das funções ministeriais. As pessoas são ordenadas pela sua importância secular e não pelo dom e vocação celestial.
• A igreja deve gerar valores temporais para seus líderes ou para a instituição e não valores eternos para Deus.
• Ao invés de ensinar a importância da contribuição na obra de Deus, veem-se, frequentemente, um misto de ameaças e promessas em relação às contribuições. O momento de ofertar, em lugar de ser momento de alegria, passa a ser constrangedor e vergonhoso.
• A igreja usa Deus em sua mensagem, mas não sabe mais se deixar usar por Deus.
• Colocamos o efeito como causa e a causa como efeito. Oferecemos as bençãos de Deus, sem falar sobre as renúncias, a obediência, a santificação, o sacrifício e as aflições à que Jesus se referiu.
• Deus deve atender aos nossos interesses e não nós que devemos atender aos interesses de Deus.
• A falta de unção, de poder e de virtude deu lugar aos métodos e aos processos engenhosos para crescimento.
• O conceito, que foi reprovado por Jesus, da importância de “quem é o maior” se faz presente nos movimentos cristãos.
• A igreja – que havia sido purificada da prática comercial – está se tornando novamente um balcão de negócio, gerando uma crescente gama de conflitos, guerras verbais e facções por causa do poder e dos benefícios materiais que a instituição produz.
• Imediatismo e temporalização na busca das bênçãos de Deus.
• Exagerada valorização das bênçãos terrenas em detrimento das bênçãos eternas.
• As pessoas são chamadas para as bênçãos do Evangelho, mas não para o sacrifício do evangelho.

O PIOR

O pior de tudo é que a igreja está deixando de ser “efeito do Evangelho” para ser uma instituição “causa do Evangelho”, ou em outras palavras:

• A igreja está deixando de servir a Deus para se servir de Deus.
• A igreja está deixando de ser usada por Deus para usar Deus.
• A igreja está deixando de ganhar almas para Deus e ganhando almas para si mesmo. Ela aparece identificada em Apocalipse como alguém cuja condição espiritual é de completa nudez. Assim, mostra-se incapaz de produzir redenção e salvação genuínas e, por isso, é exortada a adquirir urgentemente vestes brancas da salvação.

e) A morte do sacrifício

As mensagens dos dias atuais estão em franca oposição à Palavra de Deus em Mt 10:38-39:

Mt 10.38-39 – E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”

– O sacrifício da renúncia, que foi companheiro dos cristãos desde o princípio, não é mais cogitado, está fora de moda.
– Nem mesmo a total abstinência de coisas mundanas é vista como sendo necessária à vida cristã.
– A realidade da batalha espiritual e de que o mundo está no maligno não é nem de longe entendida pela cristandade e seus preletores.

f) Comando humano

O comando efetivo da igreja – não importa o quanto dizem que oram e pedem direção a Deus – provém, na verdade, do próprio homem, pois sua oração e busca é apenas ritualista e não efetiva. O homem acaba exercendo a primazia – faz prevalecer s sua vontade e seus interesses – investindo os recursos da igreja como quer, conforme seu próprio julgamento. Assim, estamos abrindo mão da direção do Deus eterno e onisciente. Ele pode, melhor do que nós, saber qual investimento será mais bem-sucedido para o ganho espiritual no reino dos céus.

Não é isso que está escrito em Apocalipse? O Senhor está do lado de fora, tendo que bater na porta para entrar. Quem está lá dentro, então, no coração da igreja, no coração de seus líderes e membros?

2ª Parte – O grande problema de Laodiceia: sua Visão divergente

A visão de Laodiceia ou do cristianismo moderno, do século XXI, se encontra totalmente invertida em relação aos valores de Deus. Isso causa uma grande divergência entre a maneira como ela se vê e a forma como Deus a observa e faz sua aferição. Perceba agora, quão intensamente Deus chama a atenção para esse conflito de visão.

Pois dizes:

Visão humana – Estou rico, abastado, não tenho falta de coisa alguma.

Mas Deus diz:

Visão de Deus – Tu és infeliz, miserável, cego, pobre e nu.

A situação se agrava mais ainda, pois o Senhor está excluído da vida da igreja. Por isso, Ele não pode exercer o comando dos propósitos da igreja e demonstra essa condição, quando diz “estou à porta e bato”. Ora, se alguém está batendo à nossa porta é porque se encontra do lado de fora. Essa igreja é, portanto, um corpo desconectado da Cabeça que é Cristo. Sua visão é divergente e seus movimentos são assíncronos em relação aos comandos de Deus:

a) Quanto ao propósito (Infeliz)

Tu és infeliz – Pois não atinge o objetivo verdadeiro de ser a Igreja do Senhor Jesus na terra.

b) Quanto à salvação (Nu)

Tu estás nu – Isto é, tornou-se estéril em produzir a salvação. Não existem mais conversões verdadeiras e salvação na vida das pessoas. Tais milagres foram substituídos por um fenômeno sutil e perigoso chamado “agregação”, no qual as pessoas se identificam, se aglomeram em torno da entidade-igreja e do nome de Jesus. E até adquirem uma linguagem típica cristã, porém não possuem a verdadeira salvação.

Essa igreja tem gerado fãs de Jesus, mas suas vidas não demonstram o reconhecimento de Jesus como seu Senhor e Salvador.

Assim, descobrimos o significado de estar nu, pois as vestes brancas representam a salvação pela justiça de Deus. Podemos ser fãs de Jesus, e até vibrar com Ele, cantar para Ele, mas ser discípulo de Jesus requer muito mais do que isso. É NEGAR-SE A SI MESMO e segui-Lo aonde quer que seja!


A diferença entre o fã de Jesus e o discípulo de Jesus está na disposição desse último em render e entregar toda a sua vida por amor de Cristo. Implica segui-Lo até as últimas consequências. Não importam quais sejam. E confessá-lo como Ele é!

Não podemos negar que a cristandade nominal dos dias de hoje é realmente fã de Jesus, de carteirinha, MAS ISSO NÃO É O SUFICIENTE!

c) Quanto aos valores (Pobre e Miserável)

Tu és pobre, miserável – pois não conheces mais o verdadeiro poder, a unção e a virtude do reino de Deus. Tais virtudes foram substituídas pela inclinação humana para a inventividade – por movimentos, simulações de curas e de manifestações de poder, invencionices, embustes, fanatismo, novas estratégias ou metodologias, artifícios e processos, etc. Não é de se entranhar que essa entidade se ache até muito espiritual! Mas aos olhos de Deus é miserável, pois não tem o poder efetivo e eficaz de Deus em sua vida.

d) Quanto ao entendimento (Cego)

És cego – porquanto já perdeste a capacidade de entender e discernir as coisas espirituais. Compreendes tudo do ponto de vista humano. É normal encontrar nos laodicenses – devido à carência de iluminação do Espírito – uma percepção equivocada, ou seja, eles pensam que estamos falando de uma terceira pessoa, menos deles mesmos no que se refere à presente exortação.
No livro de Apocalipse foi registrado que o próprio Jesus disse: “eis que estou à porta e bato”, porém chegará um tempo no qual será o “dia da última batida”.

Essa triste realidade estabelece o grande problema que vai selar o destino de Laodiceia, sua cegueira espiritual. Portanto, mesmo se colocarmos um espelho diante de Laodiceia para um confronto direto a fim de que ela possa ver sua situação, será inútil, pois ela é cega, ou pior do que cega, está com a visão invertida. Significa, consequentemente, ela verá tudo de cabeça para baixo, de forma diferente de como o Senhor vê.


Será que há esperança? Será que alguém vai entender? Talvez sim, mas não com a ajuda da sua própria visão! Se ela ainda não estiver totalmente surda, poderá ouvir o clamor do Espírito e se arrepender.

Uma excelente igreja.

Como comentamos, anteriormente, a cegueira aqui é o grande problema, porque impede a igreja de ver e de se conscientizar de sua real situação e, como consequência, continuará supondo que tudo está às mil maravilhas. Realmente, a igreja de Laodiceia é uma excelente igreja sob a ótica social e “pseudo-espiritual” quando olhada do ponto de vista humano.

“Não podemos negar que mesmo assim a igreja de Laodiceia recebe a mais elevada reputação como maravilhosa, excelente, espiritual e detentora de muitos recursos. Ela é constantemente elogiada pelos seus membros e até pelas autoridades. Apresenta um louvor exuberante. Dispõe de pregadores cuja capacidade de influenciar as pessoas e de as fazê-las chorar é extraordinária. Mas é lastimável, uma pena mesmo que isso só acontece na visão humana porque na visão de Deus ela continua cega, pobre, miserável e nua!”

e) Quanto ao comando (Estou à porta: Jesus de fora)

Estás desligada da cabeça que é Cristo – portanto seus investimentos, esforços e prioridades consideram o julgamento humano e não o julgamento onisciente de Deus. Por mais que pareçam justificáveis seus esforços, eles não estão em harmonia com as prioridades do Deus onisciente. Por isso, essa igreja está errando o alvo quanto à verdadeira função e missão da Igreja de Cristo. Quanto à sublime e urgente tarefa de realmente trazer salvação e redenção ao mundo. Movimentos e ações assíncronas com Deus não geram valor espiritual.

3ª Parte – Existe solução para Laodiceia?

“Eu repreendo e castigo a todos quanto amo: sê, pois zeloso, e arrepende-te.”

A grande esperança e oportunidade se encontram nessas palavras de Jesus, pois Ele permanece imutável em seu amor e buscando a nossa recuperação. O primeiro estágio é a repreensão e, se ela não for suficiente, virá o castigo. Existem, assim, duas opções para cada cristão de nosso século:

Aproveitar o estágio da repreensão.

a. Sair do estado espiritual de Laodiceia, ouvir e obedecer à voz do Senhor.

Entrar no estágio do castigo.

b. Permanecer no estado espiritual de Laodiceia.

Vamos analisar os dois casos:

a) Saindo do estado espiritual de Laodiceia

É preciso fazer o que Ele manda. Isso se resume em quatro atitudes:

Aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.

Primeira Atitude: Compres ouro refinado no fogo, para te enriqueceres.
Implica abandonar todos os falsos valores que contaminam sua vida. Lance-os fora de seu coração e comece a buscar diligentemente os valores do alto. Coloque em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e ajuste sua escala de valores para convergir com as prioridades de Deus, mesmo que pareça loucura para o mundo. O preço deve ser pago, pois esse ouro – que é a verdadeira riqueza espiritual – deve ser comprado. Não com dinheiro ou riquezas da terra, mas através de uma busca intensa que vai envolver a sua dedicação, o seu tempo, renúncias, obediência à Palavra, jejuns e muita oração.

Segunda Atitude: compres vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a sua nudez.
Vestes brancas representam a salvação alcançada pela justiça de Deus, por meio da fé no calvário e de um relacionamento direto com Jesus. E isso não vem dos homens. A salvação provém de um arrependimento genuíno, de uma confissão pública feita com a nossa boca e com a nossa vida que nos torna discípulos de Jesus, o nosso Senhor e Salvador. Portanto, retire tudo o que está entre você e Jesus, firme o seu relacionamento com Ele sem intermediários. Igreja não salva. Pastores não salvam. Somente Jesus é o Salvador. Confesse a Cristo como seu Senhor e Salvador – não apenas da boca para fora – mas vá até as últimas consequências dessa confissão, negando a si mesmo, tomando a sua cruz, e, como discípulo de Jesus, siga-O aonde quer que Ele vá. Em relação ao seu exemplo, na renúncia, adote a santidade como seu princípio de vida.

Terceira Atitude: compres colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.
A cegueira está destruindo Laodiceia, mas Jesus tem o colírio eficaz. O cristão precisa enxergar com clareza e entender a Palavra de Deus. Para isso, torna-se imprescindível, imperativo lançar fora todos os pensamentos inúteis, abundantes princípios mundanos – ou seja, centralizados no homem e não em Deus – porque se trata de conceitos fora da Palavra, invencionices e inovações . Todos esses modismos estão cegando os cristãos de nosso século, pois os tais se opõem à Palavra de Deus. A Palavra de Deus deve ser o princípio máximo para sua vida, a luz para os seus pés.
O colírio é a virtude do Espírito Santo interagindo com a Palavra de Deus. Ele lhe dará condições para entender e aplicar essa Palavra na sua vida. Com esse colírio você passará a enxergar e terá o discernimento vindo de Deus. O preço é uma busca sincera e intensa e a renúncia dos falsos valores e conceitos deste século. Todas essas atitudes envolvem e exigem, ao mesmo tempo, que sejam acompanhadas de uma imersão total no reino dos céus e em seus valores. É preciso nos render e nos revestir do Espírito Santo para entendermos os princípios e padrões do reino de Deus. Nós precisamos expandir e crescer no Espírito para entendermos o reino de Deus, e não o contrário, diminuir o seu reino para que ele caiba dentro de nossa mente.
Quarta Atitude: Entregue o comando a Jesus.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo”.
Jesus não pode ficar fora do centro de comando de sua vida. Não se trata de você apenas falar em Jesus, cantar, louvar e práticas semelhantes, mas também de entregar “o comando de sua vida”. Responda a pergunta: quem tem comandado sua vida? Quem tem feito os planos para Deus cumprir? Quem toma as decisões? Abra agora a porta de sua vida e do seu coração para Jesus entrar e se assentar no trono e comandar a sua vitória.
Se Jesus é o Senhor, os planos são os dEle, não os seus, os caminhos são os dEle, não os seus. Você é o servo para fazer a vontade de Deus e cumprir os planos dEle. Jamais o contrário, Deus fazendo a nossa vontade e cumprindo os nossos planos. É claro que o preço é a obediência, renúncia e submissão, mas culminará numa maravilhosa e gloriosa vitória.
Toda a esperança de quem se encontra em Laodiceia depende da disposição de ouvir, pois graças a Deus, embora o Senhor tenha considerado o fato de sua cegueira, todavia, não está ainda surda. A esperança apresenta-se com as seguintes condições : ouvir a sua voz e obedecer prontamente o Soberano Senhor – Quem tem ouvidos para ouvir, ouça o que o Espírito dia às Igrejas!

Mas tem outra opção:

b) Permanecer no estado espiritual de Laodiceia.

Não compreendeu a mensagem? Tudo isso é um exagero? Só se aplica aos outros? É radicalismo? Minha igreja é excelente e não se encontra no estado de “Laodiceia”?

Bom, permaneça como está, mas deixe-me dizer as consequências.

4ª Parte – Qual o destino de Laodiceia?

Para onde vai Laodiceia? Qual o seu destino final? A sua visão falhou, sua audição falhou, também não atendeu à repreensão, resta apenas o castigo para que alguns possam ainda acordar.

O seu estado espiritual é diagnosticado com precisão, bem claramente. Porquanto, apesar de ela não se ver desse jeito, nas Escrituras ela é reportada com uma patente divergência e assincronia com o Senhor. O seu fim é ser vomitada, lançada fora, rejeitada. Como um membro morto que deve ser amputado. Como um alimento contaminado que deve ser vomitado. Como a virgem despreparada que não chega a tempo às bodas. Ela não pode participar da grande festa e é deixada de fora (como exemplifica a Parábola das Dez Virgens). :

Mt 25:1-13:
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. 2 Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. 3 Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. 4 As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas. 5 E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram. 6 Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! Saí-lhe ao encontro! 7 Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. 8 E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. 9 Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. 10 E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 11 Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. 12 Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço. 13 Vigiai, pois porque não sabeis nem o dia nem a hora.

Mt 24:40-41 Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro; 41 estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.

As virgens insensatas da parábola e os que foram deixados em Mt 24 são a mesma Laodiceia de Apocalipse e tiveram que ouvir do Senhor: “Não vos conheço”. Essas passagens reproduzem o destino de Laodiceia.

Mas o que representa isso em termos escatológicos para quem permanecer em Laodiceia? Como fica essa igreja no desenrolar dos eventos do fim, previstos pela Palavra de Deus?

Vamos analisar alguns eventos escatológicos e entender a situação de Laodiceia em relação a esses eventos:

– Rapto ou Arrebatamento da Igreja

Como foi antecipado na parábola, essa igreja será deixada no mundo por não estar preparada para encontrar-se com o Senhor. Será um momento de grande pesar para todos que não ouviram a advertência. Só, nessa ocasião de extrema agonia, talvez os seus olhos se abram e possam ver o quanto estavam distantes da vontade de Deus.

– A Grande Tribulação

A Grande Tribulação é um evento real previsto nas Escrituras, como na passagem abaixo.

Ap 3:10 Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra

Esse evento – hora da provação que há de vir sobre todo o mundo – corresponde a um juízo de Deus sobre o mundo. Entendemos que Deus prometeu guardar os fiéis desse momento terrível, pois o juízo não é para Igreja, mas para o mundo. Porém é obvio considerar que, se a igreja Laodiceia se associou ao mundo e se misturou com ele, então, ela há de passar junto com o mundo por esse juízo. Alguns acham que a Igreja será arrebatada antes dessa tribulação. Há outros cuja compreensão os leva a acreditar na possibilidade de a igreja passar pela Grande Tribulação e só se reunir com Cristo na sua segunda vinda de Jesus visível à terra. Bem, isso dependerá de do estado espiritual de cada um!
Laodiceia não terá o privilégio de ser livre da hora da provação. Portanto, passará por aquele momento de terrível dificuldade que há de vir sobre o mundo. Essa experiência estabelece a dura disciplina de que ela precisará sofrer para abrir os olhos e entender.

– A grande perseguição e a salvação:

Nesse período, irá se levantar o Anticristo e muitos sucumbirão durante a grande perseguição que ele vai promover. Esse personagem como o Iníquo, será contrário a qualquer forma de culto, que não a ele mesmo, e até a menção do nome do Senhor Jesus será motivo de decretar a prisão e pena de morte. Os que cederem às suas mentiras perderão para sempre qualquer esperança de salvação. Mas eu creio que alguns acordarão por causa desse evento, abrirão os olhos e se voltarão para Senhor. Porém, sofrerão grandes perdas e uma perseguição que culminará em morte, conforme previsto pela Palavra. Estarão, todavia, dispostos a assumir uma nova atitude e confissão, assim, receberão finalmente suas vestes brancas para estar com o Senhor:

Ap 7:13-14 E um dos anciãos me perguntou: Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde vieram? 14 Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.

Conclusão

Sem dúvida, a melhor atitude é ouvirmos o que o Senhor está falando por meio da sua Palavra e responder com ações concretas para mudar nossa vida e a vida da igreja. Não existem renúncias tão difíceis a ponto de não podermos fazê-las agora. Além disso, todas serão compensadas pelo grande livramento e glória que o Senhor dará àqueles que estiverem preparados.

“Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igreja”

2Pe 1:20-21 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo.

error: Ask fo permission !!